quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Entregues a Mundanidade

O sossego da dor é estar sobrevivendo à realidade
O ópio da vida é o consumo fútil da existência
A coisa que gasta minhas forças é aquilo que escraviza os outros
A culpa de ser inocente é não conseguir ensinar as contradições da vida.

Algo muito intenso nos carrega pelos becos mais sórdidos da existência
Colocando-nos diante do fracasso vicioso de existir
Cercado pelos muros da moralidade escuria
E condenado ao sofrimento de saber que sempre é possível escolher

Somos os restos imundos da humanidade pedinte
Escravos de nossa imbecilidade
Meros seres que simplesmente vivem sem sentido
Não conseguindo reconhecer o valor de vivenciar a plenitude

Longos sorrisos para denunciar a astúcia da ignorância
De ser levado a insistir nos erros mais absurdos
Jogados pela notícia da perda da inocência
Revelando os lados escuros da hipocrisia

Tetando viver o faz de conta que os ensinaram na escola
Amarrado pela inércia da informação volátil
Que pintam com as cores da alienação
A paisagem de minhas certezas

Sou apenas mercadoria de segunda mão
Que escolhe escolher o já escolhido
O já decidido a ser vivido
A ser sentido como a felicidade

Montantes de entulhos de conhecimentos
Barrão minha entrada nos portões da sabedoria
Soterrado pelo lixo que me faz crer em ilusões
Que me faz ser mais um, em um milhão

Como se diferenciar na massa das indolências perpétuas
Logradas a pura ternura de repetir o já dito
Papagaiando murmurias de um tempo feliz
Ou de um futuro promissor

Enquanto soterramos na mediocridade
De não saber cuidar de nosso quintal
E querendo resolver as questões ambientais
Sem conseguir preservar o bem maior de nosso ser

O que sobrará da estupidez de nossas vidas?
Linhas, traços, laços...?
Nada ficará para que se possa um dia mudar
Nem mesmo as vozes que ecoam neste lugar.

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