sexta-feira, 29 de março de 2013

Nu


Despido diante da vida
De mim nada mais se revela do quê eu mesmo
Tudo que posso ser...
Manifesta-se na exata medida do meu viver.
A mim tudo que sou se revela,
Constantes doses de referência histórica.
Memórias surgem e se vão ao doce sabor da lembrança
Num ininterrupto fluxo de experiências e vivências recompostas.
O processo de viver, ‘incapturável’ pelas tecnologias humanas.
Quando colhido, estanque, já não é mais processo, apenas fato descontextualizado.
Como um rio, ao retirar um copo de água, é a água do rio, parte dele;
Parte indiferente, desconectada de parte fundamental, seu fluxo.
Quando descrito, meu ser se revelou na exata medida do desmedido.
Então, me faço diferente do que de mim foi determinado na amostra.
E as explicações que asseguravam a revelação do meu ser,
Escapam-se pelo processo incessante de existir.

2 comentários:

  1. "Então, me faço diferente do que de mim foi determinado na amostra."

    Nem tudo que se vê é o que se é.

    Abraço!

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    Respostas
    1. Tudo que se vê é.
      Nada se esconde, tudo se revela...
      Pois, o ser se constitui na revelação do fenômeno de ser.
      Ex. Escondo certos comportamento e/ou sentimentos que tenho, esse esconder é a revelação do ser, é pura exterioridade.
      Digamos, não há uma "caixa preta", "inconsciente" que esconda nossa essência, somos existência. Isso quer dizer que em qualquer comportamento ou ação estamos revelando nosso ser, aquilo somos, nunca de forma integral, mas sempre se revela o ser.
      A amostra é aquilo que dizem sobre o sujeito, isso nunca é possível, pois estamos sempre, a todo instante nos transformando, deixando de ser aquilo que fomos e nos tornando algo diferente - devir. Uma definição completa do ser humano/ uma amostra, nunca é possível por que estamos sempre superando essa definição estanque de ser.

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